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quinta-feira, 24 de maio de 2012

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Imediatamente após a canonização, que ocorreu em 16 de julho de 1228, o Papa Gregório IX quis que em honra a São Francisco, o Poverello de Assis, fosse elevado um magnífico templo e ali seus restos mortais fossem preservados. O mesmo Pontífice abençoou a pedra fundamental em 17 de Julho de 1228 e, na festa de Pentecostes, 25 de maio de 1230, ordenou que o corpo do santo foi transportado da igreja de São Jorge para a nova basílica, a igreja-mãe da Ordem dos Ordem dos Frades Menores. Inocêncio IV a consagrou solenemente em 1253, elevando à basílica patriarcal e capela papal por Bento XIV em 1764.

São Francisco queria morrer perto da Porciúncula, onde havia iniciado a vida religiosa. Mas aquele que havia escolhido a pobreza como um caminho para amar e deixava-a como herança a seus filhos.

A construção da basílica superior começou logo após 1239 e foi finalizada em 1253. Sua arquitetura é uma síntese do Românico e do Gótico Italiano. As igrejas foram decoradas pelos maiores artistas daquele tempo, vindos de Roma, Toscana e Úmbria. A igreja inferior tem afrescos de Cimabue e Giotto; na igreja superior está uma série de afrescos com cenas da vida de São Francisco, também atribuída a Giotto e seus seguidores. A Basílica é administrada pelos Frades Menores Conventuais (OFM Conv.). Os Frades Franciscanos Conventuais são os guardiães dos restos mortais do Santo de Assis.

No dia 26 de setembro de 1997, Assis foi atingida por dois fortes terremotos que danificaram severamente a basílica (parte do teto dela ruiu durante o segundo tremor, destruindo um afresco de Cimabue), que passou dois anos fechada para restauração.

A Basílica inferior, que representaria a penitência, consiste em uma nave central com várias capelas laterais com arcos semicirculares. A nave é decorada com os afrescos mais antigos da igreja, criados por um artista chamado Mestre de São Francisco. Eles mostram cinco cenas da Paixão de Cristo à direita, e à esquerda, cenas da vida de São Francisco. Esses afrescos foram finalizados em 1260-1263. São considerados os melhores exemplos da pintura mural da Toscana, antes de Cimabue.

Como a popularidade da igreja aumentou, capelas laterais para famílias nobres foram adicionadas entre 1270 e 1350, destruindo os afrescos na paredes. A primeira capela à esquerda é decorada com dez afrescos de Simone Martini. Esses estão entre os maiores trabalhos de Martini e os melhores exemplos da pintura do século XIV.

A nave termina em uma abside semicircular ricamente decorada, precedida por um transepto. Os afrescos no transepto direito mostram a infância de Cristo, feitos parcialmente por Giotto e seus aprendizes e a Natividade pelo anônimo Mestre di San Nicola. O nível inferior mostra três afrescos representando São Francisco ajudando duas crianças. Esses afrescos de Giotto foram revolucionários para a época, pois mostravam pessoas reais com emoções em uma paisagem realista.

Na parede do transepto, Cimabue pintou uma de suas obras mais famosas: Nossa Senhora com São Francisco, Anjos e Santos (1280). Esse é provavelmente o retrato mais assemelhado a São Francisco. A pintura estática em estilo gótico contrasta com as pinturas dinâmicas de Giotto. O transepto esquerdo foi decorado pelo pintor Pietro Lorenzetti e seus aprendizes entre 1315 e 1330. Os afrescos mostram seis cenas da Paixão de Cristo, sendo a mais impressionante a Descida da Cruz, onde se percebe a sombra em uma pintura pela primeira vez desde a Antiguidade.

Cripta com túmulo de São Francisco de Assis
Pela nave se pode descer para a cripta através de uma escadaria dupla. Esse local, que guarda o túmulo de Francisco foi descoberto em 1818.

O túmulo tinha sido escondido por Frei Elia para evitar que suas relíquias se espalhassem pela Europa medieval. Por ordem do Papa Pio IX, uma cripta foi construída embaixo da Basílica inferior. Foi projetada por Pasquale Belli com mármore fino em estilo neoclássico, mas foi redesenhada em pedra crua em estilo neo-Românico por Ugo Tarchi entre 1925 e 1932.

Ao lado da Basílica, fica o Sacro Convento, que se assemelha a uma fortaleza e que já era habitado em 1230. O Convento agora abriga uma vasta biblioteca (com obras medievais), um museu com obras de arte doadas por peregrinos pelos séculos e também 57 obras (principalmente das Escolas Florentina e Sienesa) da Coleção Perkins.

Nave da Basílica superior
A entrada da Basílica superior (que representa a glória) é pela arcada do convento dos frades. O estilo dessa área é completamente diferente da Basílica inferior. Grandes janelas de vidro colorido banham com luz as obras de Giotto e Cimabue.

A parte final ao oeste do transepto e a abside foram decoradas com vários afrescos de Cimabue e seus aprendizes (1280). Infelizmente, devido ao material usado na obra, os afrescos logo sofreram os efeitos da umidade. Estão hoje muito deteriorados e foram quase reduzidos a meros negativos fotográficos.

A parte superior, em ambos os lados da nave, muito danificada pelos terremotos de 1997, foi decorada em duas filas com um total de 32 cenas do Velho Testamento e do Novo Testamento. Como levava cerca de seis meses para que se pintasse apenas uma parte da nave, diferentes artistas romanos e toscanos, seguidores de Cimabue, trabalharam na obra, tais como Giacomo, Jacopo Torriti e Pietro Cavallini.

Mas a obra mais importante da Basílica é, sem dúvida, a série de 28 afrescos atribuídos a um jovem Giotto na parte baixa da nave. Giotto usou a Legenda Maior, a biografia de Francisco para reconstruir os maiores eventos da vida do santo. As pinturas são vívidas, como se Giotto tivesse sido uma testemunha ocular da história. Os afrescos foram executados entre 1296 e 1304. Contudo, a autoria da obra ainda é debatida. Alguns críticos acreditam que a série tenha sido feita por um grupo de artistas inspirados em Giotto.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/n/?p=18157

segunda-feira, 21 de maio de 2012

ASCENSÃO DO SENHOR, COMUNICAÇÃO, TESTEMUNHO E SILÊNCIO

Ontem foi a solenidade da Ascensão do Senhor. Nela celebramos a volta de Jesus ao seio do Pai, na glória do Céu, de onde Ele veio para ficar conosco pela sua encarnação. Entre nós Jesus viveu durante trinta e três anos. Trinta anos viveu no seio de sua família e de seu povo, em Nazaré; depois, durante três anos, realizou sua missão no meio do povo em toda a terra de Israel.

Ele veio de junto do Pai comunicar-nos um novo modo de viver, de pensar e agir que chamou de “Reino de Deus” ou “Reino dos céus”. Sua própria vida era a manifestação daquilo que Ele veio anunciar conforme a vontade do Pai. Mas para acolher e entender a mensagem do Reino, a humanidade precisava de conversão, isto é, de mudança de vida, de atitudes, de compreensão do sentido mesmo da vida. Por isso Jesus proclamava: “Cumpriu-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). O Evangelho é uma palavra da língua grega que significa boa notícia, boa nova! Jesus veio, então, dar-nos uma boa notícia da parte de Deus. Esta notícia, a maior de todos os tempos é que somos amados por Deus e que o sentido de nossa existência é viver para amarmos uns aos outros e a Ele, nosso Deus e Pai, que nos criou por amor. A vivência desta boa notícia no dia a dia de nossas vidas vai construindo uma nova humanidade, um mundo diferente, orientado pelos valores do Reino de Deus e que já o torna presente na história humana. Até na oração que Jesus nos ensinou, pedimos que venha o Reino, que aconteça de verdade uma nova maneira de conviver entre homens e mulheres, em que o amor, o perdão, a solidariedade, a justiça e a paz sejam concretamente vividos todos os dias. Apesar de já estar presente na história humana, o Reino é sempre uma realidade transcendente.

A pregação de Jesus e o seu testemunho foram acolhidos por muitas pessoas, primeiramente, por um grupo de homens e mulheres, seus discípulos e depois por multidões em Israel, sobretudo os pobres. Mas entre os ricos e privilegiados, entre os líderes religiosos e políticos judeus a pregação e a vida de Jesus foram rejeitadas, pois implicavam mudar de vida, renunciar aos privilégios, combater a injustiça, as desigualdades e os preconceitos. Por isso Jesus foi perseguido, preso, crucificado, mas o poder de Deus O ressuscitou e durante quarenta dias, Ele apareceu e viveu entre seus apóstolos e discípulos, dando força e orientação e preparando-os para receberem o dom do alto, a força de Deus, o Espírito Santo. 

Voltando à glória de Deus, no mais alto dos Céu, Jesus nos deixa uma missão: continuar anunciando e construindo o Reino de Deus em todas as partes do mundo, na extensão de nosso planeta. Por essa razão, no dia em que celebramos a ascensão do Senhor, a Igreja comemora o Dia Mundial das Comunicações Sociais. A grande tarefa da Igreja, sua missão, é anunciar com palavras, mas sobretudo com o testemunho da vida dos cristãos a Boa Nova do Reino, transformando a humanidade marcada pelo pecado e pela morte em uma nova humanidade. Essa é a missão evangelizadora da Igreja de Jesus Cristo. Mas para anunciarmos a Boa Nova é preciso uma experiência profunda de silêncio, de escuta obediente da Palavra de Deus.

Em nosso mundo barulhento e cheio de novas tecnologias da comunicação, precisamos redescobrir o sentido do silêncio e aprendermos a escutar para que nossa palavra crie comunicação e comunhão entre os seres humanos e com toda a natureza. 

Por essa razão, o Papa Bento XVI, na mensagem que escreveu para o 46° Dia Mundial dos Meios de Comunicações Sociais afirma: “O Silêncio é parte integrante da comunicação, e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos”. Jesus deu muito valor ao silêncio e ensinou seus apóstolos e discípulos a escutarem a vontade de Deus, particularmente na oração. São Francisco, certa vez, saiu com outro frade para pregar e, passando entre as pessoas, Ascensão do Senhor, comunicação, testemunho e silêncio nada disse, mostrando que a pregação nem sempre depende da palavra pronunciada, mas sempre do testemunho que, em primeiro lugar é fazer-se presente entre as pessoas, compartilhando suas dores, suas alegrias e esperanças.

Eis alguns aspectos da solenidade da Ascensão do Senhor que podemos aprofundar este ano, juntamente com a comemoração do 46° Dia Mundial dos Meios de Comunicações Sociais.

Ficam também uns questionamentos para todos nós: O que significa o silêncio para nós?  Qual o valor que damos a ele em nosso dia a dia? Por que nos custa tanto silenciar e construir dentro de nós o espaço da verdadeira comunicação?

Frei Marconi Lins, OFM
Ministro Provincial

quarta-feira, 2 de maio de 2012

DE MARIA NUNCA SE DIZ TUDO!

Estamos mais uma vez no mês de maio! Apesar das mudanças radicais acontecidas em nossa sociedade, a figura da mãe como a de Maria, a mãe de Jesus emergem fortemente no sentimento maternal que experimentamos e que marcou profundamente a nossa vida. As mães são assim: deixam marcas indeléveis em nosso ser, mesmo se, por acaso, duvidaram em nos gerar. É impossível não carregar para sempre os traços fundamentais e fundantes de nossa gestação no útero e no coração de uma mulher! 

A partir do primeiro século do cristianismo foram surgindo no seio das comunidades primitivas algumas perguntas sobre a pessoa de Jesus que implicavam Sua origem e Sua existência como Deus e homem: Como foi sua origem? Quem eram Seus pais? Se Jesus é Deus que se fez homem, Maria é mãe de Deus? 

Particularmente os dois primeiros capítulos dos evangelhos segundo Mateus e Lucas, conhecidos como os Evangelhos da infância, evidenciam esses questionamentos e as tentativas de respondê-los. É impossível separar o Verbo que se fez Carne daquela que mediou a encarnação do Filho Unigênito de Deus. Também é impossível separar Maria do mistério de Deus que a implicou no plano da salvação! Na teologia cristã emerge um sentimento materno e uma necessidade de dizer algo sobre a mãe de Jesus e sua experiência de Deus. É o que a Igreja tem buscado fazer nesses dois mil anos e que constitui sua reflexão teológica denominada Mariologia

Também nós franciscanos temos nossa mariologia, isto é, a experiência de Maria que fez São Francisco ao contemplar o mistério de Deus em Jesus Cristo. E uma afirmação feita por Frei Tomás de Celano, primeiro biografo do pobrezinho de Assis, é muito significativa para ilustrar a mariologia franciscana. Afirma Tomás de Celano: “(Francisco) tinha um amor indizível à Mãe de Jesus, porque fez nosso irmão o Senhor da majestade. Consagrava-lhe louvores especiais, orações, afetos, tantos e tais que uma língua humana nem pode contar. Mas o que mais nos alegra é que confiou até o fim os filhos que ia deixar. Ó advogada dos pobres, cumpre conosco o teu ofício protetor por todo o tempo que foi predeterminado pelo Pai!” (2C 198). Por hoje fico por aqui, mas depois volto a dizer algo mais, não tanto para esgotar o assunto, mas para cumprir o que a própria Virgem Maria profetizou no Magnificat: “Todas as gerações me chamarão Bem-aventurada!”(Lc 1,30). 

Frei Marconi Lins, OFM
Ministro Provincial

terça-feira, 1 de maio de 2012

TESTEMUNHAS DE JESUS RESSUSCITADO

Todos os dias, somos surpreendidos por uma verdadeira avalanche de más notícias que vão fragilizando nossa esperança e comprometendo nossa confiança nas pessoas. Vimos, na semana passada, através dos meios de comunicação, ministros do Supremo Tribunal Federal, tratarem-se de forma grosseira e fazerem acusações mútuas; também vimos crescer o comprometimento dos partidos políticos com a corrupção que envolve muitos de seus membros, nossos representantes no Senado e na Câmera Federal, sem falar da ramificação da corrupção para os níveis estaduais e municipais! Enquanto isso, vemos o descaso com a saúde pública, a educação e assuntos importantíssimos como o Código Florestal, a defesa dos nossos índios e a reforma agrária são temas que sofrem pressão do poder econômico e de empresas nacionais e internacionais interessadas pelo lucro financeiro, comprometendo o futuro de nosso meio ambiente e da maioria da população, não só do Brasil, mas em todo o planeta. 

Diante de todos esses acontecimentos e de tantos outros que ocorrem no Brasil e no mundo, nós cristãos estamos celebrando o tempo pascal, no qual afirmamos a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. Já estamos na terceira semana do tempo pascal e palavra chave que ocorre frequentemente na Palavra de Deus e nas orações é a palavra “testemunho”. Ser cristão é testemunhar com a palavra e com gestos concretos a presença de Jesus ressuscitado entre nós, fortalecendo a nossa fé, dando-nos esperança e nos comprometendo com a construção de um mundo melhor, orientado pelos valores do Reino do Pai. 

No Evangelho lido ontem na Eucaristia dominical, retirado do capítulo 24 do Evangelho segundo São Lucas, vimos a alegria dos discípulos de Emaús que fizeram a experiência de Jesus ressuscitado no caminho de casa, quando voltavam de Jerusalém para Emaús, cheios de dúvidas e amargando a derrota de Jesus diante dos poderes deste mundo! Mas Jesus conversa com eles, abre o coração para compreenderem as Escrituras e no gesto do partir o pão, é reconhecido por eles vivo e ressuscitado! Enquanto os discípulos de Emaús contam aos demais discípulos o ocorrido no caminho, o próprio Jesus lhes aparece e saúda com a saudação pascal: “A paz esteja convosco!” Jesus fortalece a fé de seus discípulos, ilumina suas inteligências com a explicação das Escrituras e os compromete com a missão de irem ao mundo todo anunciarem a conversão e o perdão dos pecados, construindo no mundo corrompido pelo pecado e pela morte uma nova vida nascida da força de Sua ressurreição! 

É isto que devemos meditar, compreender, celebrar e viver neste tempo da Páscoa e todos os dias de nossa vida: deixar que o Espírito Santo, enviado do Pai por Jesus nos faça, como Igreja no mundo, testemunhas da ressurreição e da vida abundante que o Pai quer para toda a humanidade. 

Desta forma, diante de tantas más notícias que nos chegam de todos os lugares, vamos, primeiramente dando a boa notícia anunciada por nosso testemunho de cristãos e, ao mesmo tempo, vamos lutando por um mundo melhor, mais justo e fraterno, no qual os valores do Reino do Pai vão formando o nosso coração e conduzindo nossas palavras e atitudes. Nesta nova realidade, que nasce da fé em Jesus ressuscitado, vemos as crianças e os jovens serem formados pelo exemplo dos mais velhos e vai-se delineando uma nova humanidade. É isto que é ser cristão! E isto que devemos viver e fazer acontecer todos os dias, começando dentro de nossa casa, entre os membros de nossa família. É isto que nos faz testemunhas de Jesus ressuscitado!

Frei Marconi Lins, OFM
Ministro Provincial
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