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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

NOSSA VOCAÇÃO À LIBERDADE

Os últimos acontecimentos nos países árabes, principalmente os do norte da África - Tunísia, Egito e Líbia - revelam a ânsia do povo árabe por liberdade e a rejeição de regimes autoritários que ostentam riqueza e poder, sobretudo o militar, às custas de populações empobrecidas e marginalizadas. Através dos meios de comunicação podemos ver a força do povo e sobretudo da juventude, protagonizando esse momento de levante popular, bem como a força da comunicação virtual, da internet, fundamental para despertar sentimentos de liberdade e motivar para a organização de grandes manifestações que culminaram em mudanças que ainda não podemos avaliar e nem quando vão terminar seu “efeito dominó” em outros países não só do mundo árabe.

Para nós que vivemos os horrores do regime militar, a partir de 1964, e os efeitos danosos do AI 5, o ato institucional que cerceou nossas liberdades, sobretudo as de comunicação e de organização populares, sabemos da importância do momento em que o povo toma consciência de seu poder e, organizado, reage de força pacífica, com grandes manifestações, onde se pode ver a família toda marchando e se confrontando com soldados armados e tanques de guerra que parecem perder a força diante do povo unido! Lembremos das grandes manifestações em prol das “Diretas já!” e a força da juventude “cara pintada” que foram às nossas ruas na década de 80!

Mas a liberdade que pulsa em nosso coração como o sangue que corre em nossas veias, é uma realidade exigente e que precisa ser aprendida desde a infância! Liberdade não é fazer o que se quer, mas é aprender e se ter condições de participar da construção da sociedade humana em todos os sentidos! Não se trata de ser livre de compromissos, mas de ser livre para participar, para dizer o que se pensa e participar da construção de uma sociedade que tem como alicerces a verdade, a justiça, a solidariedade e a paz.

Para nós cristãos a liberdade é vocação que nos faz estar alertas para não cair nas garras da idolatria do poder ou que outra qualquer coisa que venha nos tirar o que faz parte de nossa identidade: “a liberdade dos filhos de Deus” da qual fala o apóstolo São Paulo particularmente no capítulo oitavo da Carta aos Romanos e na Carta aos Gálatas no capítulo quinto. Para nós cristãos, soa muito forte a palavra de Jesus no quarto evangelho: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres” (Jo 8,31).

Foi na escola do Evangelho e sentido de perto a situação de miséria e sofrimento do próximo que o jovem rico, Francisco de Assis, começou a entender e buscar a liberdade dos filhos de Deus. E a experiência de liberdade que ele fez está enraizada na experiência de desapropriação da riqueza e do poder como também da busca de estar junto aos que sofriam com a pobreza e o descaso dos grandes deste mundo. É a experiência do próprio Jesus que Ele nos propõe que façamos todos os dias! Não entende e nem pode ser livre quem usa o poder para dominar, mas quem entende o poder como serviço aos outros! Não é livre quem enriquece às custas da exploração e da miséria dos outros, tornando-se insensível às necessidades do próximo: de alimentação, moradia, estudo, trabalho, de cuidar da saúde, de lazer...

Que os povos árabes mas também nós, busquemos e construamos um processo de liberdade que se fundamente nos valores do Evangelho de Cristo, pois só assim a liberdade se tornará um horizonte onde toda a humanidade encontra motivação permanente para viver sua vocação à convivência fraterna, solidária e feliz entre todos os povos.

Frei Marconi Lins, OFM

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“SEDE PERFEITOS COMO VOSSO PAI DO CÉU É PERFEITO”

Diariamente somos informados de um novo avanço tecnológico e vemos surgir novos modelos de aparelhos eletrônicos, de automóveis e de instrumentos de uso em várias atividades humanas que vão ganhando um número ou uma letra diferente para indicar que o modelo anterior foi superado. É o avanço científico mostrando a busca da humanidade pela perfeição e a excelência tecnológicas e de serviços!

É bem verdade que tudo isso é feito pensando primeiramente num pequeno grupo da humanidade que pode adquirir e consumir essas novas tecnologias. O progresso científico e o avanço tecnológico são realidades que excluem as pessoas entre os que tem acesso e os que podem ou não adquiri-los. É só ver como são caros os equipamentos e o tratamento de doenças que atingem a todos, mas cujo tratamento é acessível a poucos. Ainda bem que o barateamento de certas tecnologias vai socializando os seus benefícios.

A humanidade busca a perfeição tecnológica e dentro dela também a superação daquilo que impacta a vida humana: a doença, o envelhecimento e a morte.

De onde vem esse desejo de perfeição e superação dos limites humanos? Quando inclinamos os ouvidos de nosso coração para ouvir a Palavra de Deus, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento a ordem que nos foi dada por Deus: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”(Lv 19,2.) E Jesus afirma no Sermão da Montanha: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”(Mt 5,48).

A busca de santidade e perfeição está na raiz da humanidade como vocação a que todos nós somos chamados pelo nosso Deus e Pai. Santidade e perfeição são atributos de Deus, mas que Ele nos deu como missão a ser buscada e vivida todos os dias. O grande problema é que buscamos a perfeição tecnológica sem buscarmos, ao mesmo tempo, a santidade e a perfeição humana e espiritual! A exigência que Deus nos faz para que sejamos santos e perfeitos nos é feita num processo diário e permanente que a Sagrada Escritura e Jesus chamam de conversão e tem a ver como a qualidade de nosso relacionamento com as pessoas, conosco mesmo e com Deus. Deus não exige que sejamos santos e perfeitos do dia para a noite, mas que vivamos para isso. Este é o sentido da vida humana neste planeta!

Foi isso que entendeu e viveu São Francisco, desde o momento em que ele percebeu que Deus lhe falara pelo Evangelho proclamado na missa, no Crucifixo na igrejinha de São Damião em ruínas e de modo muito especial no encontro com o leproso. A busca de santidade e perfeição acontece no dia a dia especialmente no relacionamento com o nosso próximo, na capacidade de perdoar e de acolher o outro com sua diferença e de querer ser feliz com todas as pessoas quem convivemos e com toda a humanidade.

A exigência bíblica para que sejamos santos e perfeitos tem em vista, primeiramente, a qualidade de nosso relacionamento humano: "Não tenhas no coração ódio contra teu irmão" (Lv 19,12) e também "Amai vossos inimigos" (Mt 5,44).

O avanço e perfeição tecnológicas só encontrarão seu sentido verdadeiro quando buscarmos ao mesmo tempo, a santidade e a perfeição que nos pedem o Pai do céu e Jesus. Caso contrário nosso progresso tecnológico será alcançado às custas da exploração, da desigualdade entre as pessoas e da destruição da natureza.

Foi por isso que Francisco viveu, propôs e continua propondo a forma de vida que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Frei Marconi Lins, OFM

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TEOLOGIA E ARTE



Programa Teologando sobre a Bíblia como inspiração para a Arte. O artista plástico Frei Domingos Sávio e o biblista Prof. Dr. João Luiz Corrêa falam
a pintura com inspiração na Bíblia.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

11 DE FEVEREIRO - DIA MUNDIAL DO DOENTE

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI

PARA O XIX DIA MUNDIAL DO DOENTE 2011

«Pelas suas chagas fostes curados» (1 Pd 2, 24).

Queridos Irmãos e Irmãs!

Todos os anos, na memória da Bem-Aventurada Virgem de Lourdes, que se celebra a 11 de Fevereiro, a Igreja propõe o Dia Mundial do Doente. Esta circunstância, como quis o venerável João Paulo ii, torna-se ocasião propícia para reflectir sobre o mistério do sofrimento e, sobretudo, para tornar as nossas comunidades e a sociedade civil mais sensíveis aos irmãos e irmãs doentes. Se todos os homens são nossos irmãos, aquele que é débil, sofredor ou necessitado de cuidado deve estar mais no centro da nossa atenção, para que nenhum deles se sinta esquecido ou marginalizado; com efeito «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a com-paixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Carta enc. Spe salvi, 38). As iniciativas que serão promovidas nas diversas Dioceses, por ocasião deste Dia, sirvam de estímulo para tornar cada vez mais eficaz o cuidado para com os sofredores, também na perspectiva da celebração de modo solene, que terá lugar em 2013, no Santuário mariano de Altötting, na Alemanha.

1. Tenho ainda no coração o momento em que, durante a visita pastoral a Turim, pude deter-me em reflexão e oração diante do Santo Sudário, diante daquele rosto sofredor, que nos convida a meditar sobre Aquele que carregou sobre si a paixão do homem de todos os tempos e lugares, inclusive os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades e os nossos pecados. Quantos fiéis, no curso da história, passaram diante daquele tecido sepulcral, que envolveu o corpo de um homem crucificado, que corresponde em tudo ao que os Evangelhos nos transmitem sobre a paixão e a morte de Jesus! Contemplá-lo é um convite a reflectir sobre quanto escreve São Pedro: «Pelas suas chagas fostes curados» (1 Pd 2, 24). O Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou, e exactamente por isso aquelas chagas tornam-se o sinal da nossa redenção, do perdão e da reconciliação com o Pai; tornam-se, contudo, também um banco de prova para a fé dos discípulos e para a nossa fé: todas as vezes que o Senhor fala da sua paixão e morte, eles não compreendem, rejeitam, opõem-se. Para eles, como para nós, o sofrimento permanece sempre carregado de mistério, difícil de aceitar e suportar. Os dois discípulos de Emaús caminham tristes, devido aos acontecimentos daqueles dias em Jerusalém, e só quando o Ressuscitado percorre a estrada com eles, se abrem a uma visão nova (cf. Lc 24, 13-31). Também o apóstolo Tomé mostra a dificuldade em crer na via da paixão redentora: «Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas mãos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei» (Jo 20, 25). Mas diante de Cristo que mostra as suas chagas, a sua resposta transforma-se numa comovedora profissão de fé: «Meu Senhor e meu Deus» (Jo 20, 28). O que antes era um obstáculo intransponível, porque sinal da aparente falência de Jesus, torna-se, no encontro com o Ressuscitado, a prova de um amor vitorioso: «Somente um Deus que nos ama a ponto de carregar sobre si as nossas feridas e a nossa dor, sobretudo a dor inocente, é digno de fé» (Mensagem Urbi et Orbi, Páscoa de 2007).

2. Queridos doentes e sofredores, é justamente através das chagas de Cristo que podemos ver, com olhos de esperança, todos os males que afligem a humanidade. Ressuscitando, o Senhor não tirou o sofrimento e o mal do mundo, mas extirpou-os pela raiz. À prepotência do Mal opôs a omnipotência do seu Amor. Indicou-nos então, que o caminho da paz e da alegria é o Amor: «Como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros» (Jo 13, 34). Cristo, vencedor da morte, está vivo no meio de nós E enquanto com São Tomé dizemos também: «Meu Senhor e meu Deus», seguimos o nosso Mestre na disponibilidade a prodigalizar a vida pelos nossos irmãos (cf. 1 Jo 3, 16), tornando-nos mensageiros de uma alegria que não teme a dor, a alegria da Ressurreição.

São Bernardo afirma: «Deus não pode padecer, mas pode compadecer». Deus, a Verdade e o Amor em pessoa, quis sofrer por nós e connosco; fez-se homem para poder com-padecer com o homem, de modo real, em carne e sangue. Em cada sofrimento humano, portanto, entrou Aquele que partilha o sofrimento e a suportação; em cada sofrimento difunde-se a con-solatio, a consolação do amor partícipe de Deus para fazer surgir a estrela da esperança (cf. Carta enc. Spe salvi, 39).

A vós, queridos irmãos e irmãs, repito esta mensagem, para que sejais suas testemunhas através do vosso sofrimento, da vossa vida e da vossa fé.

3. Considerando o encontro de Madrid, no mês de Agosto de 2011, para a Jornada Mundial da Juventude, gostaria de dirigir também um pensamento especial aos jovens, especialmente aos que vivem a experiência da doença. Com frequência a Paixão e a Cruz de Jesus causam medo, porque parecem ser a negação da vida. Na realidade, é exactamente o contrário! A Cruz é o «sim» de Deus ao homem, a expressão mais elevada e intensa do seu amor e a fonte da qual brota a vida eterna. Do Coração trespassado de Jesus brotou esta vida divina. Só Ele é capaz de libertar o mundo do mal e de fazer crescer o seu Reino de justiça, de paz e de amor ao qual todos aspiramos (cf. Mensagem para a Jornada Mundial da Juventude de 2011, 3). Queridos jovens, aprendei a «ver» e a «encontrar» Jesus na Eucaristia, onde Ele está presente de modo real para nós, até se fazer alimento para o caminho, mas sabei reconhecê-lo e servi-lo também nos pobres, nos doentes, nos irmãos sofredores e em dificuldade, que precisam da vossa ajuda (cf. ibid., 4).

A todos vós jovens, doentes e sadios, repito o convite a criar pontes de amor e solidariedade, para que ninguém se sinta sozinho, mas próximo de Deus e parte da grande família dos seus filhos (cf. Audiência geral, 15 de Novembro de 2006).

4. Ao comtemplar as chagas de Jesus o nosso olhar dirige-se ao seu Sacratíssimo Coração, no qual se manifesta em sumo grau o amor de Deus. O Sagrado Coração é Cristo crucificado, com o lado aberto pela lança, do qual brotam sangue e água (cf. Jo 19, 34), «símbolo dos sacramentos da Igreja, para que todos os homens, atraídos pelo Coração do Salvador, bebam com alegria na fonte perene da salvação» (Missal Romano, Prefácio da Solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus). Especialmente vós, queridos doentes, sentis a proximidade deste Coração cheio de amor e bebeis com fé e alegria de tal fonte, rezando: «Água do lado de Cristo, lava-me. Paixão de Cristo, fortalece-me. Oh, bom Jesus, ouve-me. Nas tuas chagas, esconde-me» (Oração de Santo Inácio de Loyola).

5. Na conclusão desta minha Mensagem para o próximo Dia Mundial do Doente, desejo exprimir o meu afecto a todos e a cada um, sentindo-me partícipe dos sofrimentos e das esperanças que viveis quotidianamente em união com Cristo crucificado e ressuscitado, para que vos conceda a paz e a cura do coração. Juntamente com Ele ao vosso lado vigie a Virgem Maria, que invocamos com confiança como Saúde dos enfermos e Consoladora dos sofredores. Aos pés da Cruz realiza-se para Ela a profecia de Simeão: o seu Coração de Mãe é trespassado (cf. Lc 2, 35). Do abismo da sua dor, participação no sofrimento do Filho, Maria tornou-se capaz de assumir a nova missão: tornar-se a Mãe de Cristo nos seus membros. Na hora da Cruz, Jesus apresenta-lhe cada um dos seus discípulos, dizendo-lhe: «Eis o teu filho» (cf. Jo 19, 26-27). A compaixão materna para com o Filho torna-se compaixão materna para cada um de nós nos nossos sofrimentos quotidianos (cf. Homilia em Lourdes, 15 de Setembro de 2008).

Queridos irmãos e irmãs, neste Dia Mundial do Doente, exorto também as Autoridades a fim de que invistam cada vez mais energias em estruturas médicas que sirvam de ajuda e apoio aos sofredores, sobretudo aos mais pobres e necessitados e, dirigindo o meu pensamento a todas as Dioceses, transmito uma saudação afectuosa aos Bispos, aos sacerdotes, às pessoas consagradas, aos seminaristas, aos agentes no campo da saúde, aos voluntários e a todos os que se dedicam com amor a cuidar e aliviar as chagas de cada irmão e irmã doente, nos hospitais ou casas de cura, nas famílias: nos rostos dos doentes sabei ver sempre o Rosto dos rostos: o de Cristo.

A todos garanto a minha recordação na oração, enquanto concedo a cada um a especial Bênção Apostólica.

Vaticano, 21 de Novembro de 2010.

BENEDICTUS PP. XVI

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PROFISSÃO TEMPORÁRIA DOS CONSELHOS EVANGÉLICOS


Após experimentar o “Ano de provação” junto ao povo de Lagoa Seca – PB, nós noviços 2010, movidos de clareza e de livre e espontânea vontade, professamos no último dia 02/02, Festa da Apresentação do Senhor, os Primeiros Votos dos Conselhos Evangélicos, na Celebração Eucarística às 9h na Igreja do Convento de Ipuarana. A mesma foi presidida por nosso Ministro Provincial, Frei Marconi Lins, OFM e concelebrada por diversos confrades e padres seculares vindos de diversas localidades.

Aproveitamos para agradecer a você caro confrade e demais leitores que acompanharam nossos primeiros passos na Vida Religiosa Franciscana, bem como a todo Povo de Deus de Lagoa Seca – PB que nos ensinou a ser frades e mais ainda, Frades Menores. Continuamos, pois, contando com as orações e apoio de todas e todos.

Frei Erivaldo Valdomiro, OFM
Fonte: Boletim Informativo Noviciado em Ação 2010. Nº 11/ Dezembro 2010


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